Olá! Nesse artigo vou mostrar como identificar um substantivo de forma rápida, segura e muito mais eficiente, falar sobre a importância dessa identificação e, ainda, os motivos pelos quais muitos estudantes têm dificuldade nesse assunto.

O que é e para que serve um substantivo?

No ensino clássico de língua portuguesa nós aprendemos que substantivo é a palavra que dá nome aos seres. Ele pode ser comum, concreto ou abstrato, simples ou composto, etc.

Muito bem, mas essa explicação de caráter exclusivamente semântica não colabora muito para classificação segura de um substantivo, haja vista que pode ter sua natureza modificada dependendo da combinação das palavras.

Em português, nada se analisa com segurança se não estiver contextualizado, portanto, uma palavra pode ter sua natureza alterada dependendo da combinação feita com outras palavras na oração.

Sendo assim, a sintaxe (combinação das palavras na oração/ texto) é a forma mais segura que temos para uma identificação satisfatória da natureza das palavras em seu contexto.

Seguem alguns exemplos em que as palavras destacadas são substantivos, ou estão na condição de um substantivo.

(1) A casa do artista foi vendida ontem.

(2) Estonteante era a beleza da mulher!

(3) Cantar à noite faz bem àquele homem solitário.

No exemplo (1), a identificação é feita sem nenhum problema, pois trata-se de um substantivo concreto e comum, casa é o nome dado à construção na qual pessoas habitam. Portanto uma palavra bem conhecida e de fácil entendimento.

No exemplo (2), a identificação já é mais complicada, pois trata-se de um substantivo abstrato, nome do ser que só tem existência por depender de outro ser.

Já no exemplo (3), a identificação é bem complicada, pois a natureza da palavra é verbal. No entanto, sua colocação combinada com outras palavras faz com que ela tenha função sintática de sujeito ( sujeito oracional), função esta que só pode ser exercida por uma palavra de natureza substantiva, ou por seu substituto pronominal do caso reto.

Diante desses casos, fica claro que a identificação de um substantivo não é tarefa tão fácil assim, além disso, o substantivo faz parte de um grupo enorme de palavras que está sempre crescendo com as mudanças dos costumes dos falantes da língua, por isso, é impossível memorizar a todas.

Sendo assim, o que se pode fazer para uma identificação rápida e segura dessa classe gramatical?

Bem… Para se resolver esse problema existe um mecanismo de identificação rápida e segura de qualquer substantivo: a aplicação dos determinantes.

O que são os determinantes?

Os determinantes, como o próprio nome já diz, são palavras que servem para determinar o substantivo.

São eles:

• os artigos definidos: o, a, os ,as.
• os artigos indefinidos: um, uns, uma, umas.
• os pronomes possessivos: meu, minha, teu, tua, seu, vosso, nosso, etc.
• os pronomes demostrativos: este, esta, esse, essa, aquela, aquela, etc.
• os pronomes indefinidos: algum, alguns, alguma, algumas, muito, muitos, etc.
• o pronome relativo: cujo (o, a,os,as)

Quando um determinante antecede uma palavra e a oração faz sentido, estamos diante de um substantivo… Simples assim.

É muito mais fácil memorizar algumas palavras e identificar qualquer substantivo, do que tentar memorizar, ou mesmo, quase que adivinhar se uma palavra tem natureza substantiva ou não, pois, além de haver inúmeras delas, sua natureza pode variar de acordo com as combinações em que aparecem.

Exemplos:

(1) A menina estava muito calma.

(2) Meu carro enguiçou à noite.

(3) Aquele homem ficou com muita raiva.

(4) Muitas passageiras desceram do ônibus.

No exemplo (1) temos o artigo definido “a”, determinando a palavra menina, logo menina é substantivo.

Em (2), o pronome possessivo “meu” determina a palavra carro, portanto carro é um substantivo.

Em (3), o pronome demonstrativo “aquele” determina a palavra homem, então, a palavra homem e substantivo.

Em(4), o pronome indefinido muitas também determina a palavra passageiras, sendo assim, a palavra passageiras é um substantivo.

Portanto, qualquer palavra que aceite um determinante antes dela é um substantivo!

Utilizando-se dos determinantes o , um, meu, este – com suas adequações de número e gênero – somente com essas quatro palavrinhas você pode identificar milhares de substantivos – inclusive  aqueles que você nem conhece, pois ao se adequar ao mecanismo exposto acima, não haverá dúvidas sobre sua natureza e, consequentemente, sua classificação.

Qual é a importância de se identificar um substantivo?

Um dos pontos que mais são exigidos em concursos públicos é a identificação da função sintática de alguns termos no texto.

É muito comum o examinador destacar trechos do texto e perguntar se eles têm a mesma função sintática ou, se ao se substituir um termo por outro, mantem-se ou não o sentido da oração e outras questões nessa linha de raciocínio.

Na língua portuguesa temos funções sintáticas que só podem ser exercidas por palavras de natureza específica, ou seja, um sujeito só pode ser representado por uma palavra de natureza substantiva, um predicativo do sujeito, somente por uma palavra de natureza adjetiva e assim por diante.

É por isso que identificar qual é a morfologia da palavra, ou seja, qual é sua natureza, é de fundamental importância para a classificação correta da função sintática de um termo.

Somente tendo a certeza que uma palavra tem natureza substantiva, por exemplo, podemos afirmar que  um trecho destacado pode ser um sujeito, um objeto, um complemento nominal, etc.

O conhecimento das classes gramaticais de palavras é realmente muito importante, no entanto, não daquela forma antiga de ficar decorando o que é um substantivo, adjetivo, etc. Mas sim, com o entendimento que as  palavras pertencem a grupos com características próprias e que, de acordo com elas, exercem as funções sintáticas que lhe cabem.

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Por que os estudantes têm verdadeiro pavor de análise sintática?

Quer ver um estudante se desesperar?  Peça para ele fazer uma análise sintática! Por quê?

Normalmente acontece porque ele tem uma base muito ruim para uma tarefa mais elaborada como essa.
Quando se fala em análise sintática, nossa memória nos remete a trabalhos chatos, cheio de decorebas e sem certeza de nada.

Muitos estudantes chegam a falar que não são inteligentes o bastante, ou ainda, que não nasceram para tal tarefa.

Bem, isso acontece porque no momento em que lhes foi ensinado que, por exemplo, o substantivo é a palavra que da nome aos seres, utilizaram uma definição de caráter exclusivamente semântica, visão antiga de uma gramática filosófica que não dá segurança ao aluno na identificação da natureza da palavra.

Sendo assim, como que um estudante pode gostar de algo que não entende, que a definição é subjetiva demais  e com possibilidade de mais de uma interpretação para a classificação?

Apesar desse problema existir e se manifestar em qualquer observação de uma sala de aula, nada de efetivo foi feito para mudar essa realidade no ensino básico e/ou secundário, daí, talvez, parte dessa aversão ao tema.

Não é possível uma análise sintática sem uma análise morfológica.

Uma palavra para desempenhar determinada função sintática tem que ter certas características morfológicas que a habilite. Portanto, quando se analisa sintaticamente também se analisa morfologicamente, pois as análises se completam.

Partindo dessa realidade, para se fazer uma análise sintática, se faz necessário ter conhecimentos morfológicos, ou seja, uma observação segura da natureza da palavra para que se possa afirmar se realmente o termo sintático é o que se afirma ser.

Sendo assim, o mecanismo de utilização dos determinantes para a identificação do substantivo é uma das valiosas ferramentas para se escapar de tantas incertezas nas análises morfossintáticas.

Nos próximos artigos falarei de outras ferramentas para a identificação dos adjetivos, verbos e advérbios, para que você possa encarar de forma tranquila e segura os desafios de uma prova de português para concursos.

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