O vício de linguagem se caracteriza pelo uso da língua de forma inadequada ou com incorreções pelo usuário despreparado ou desatento. Pode acontecer nas várias esferas linguísticas: fonética, morfológica, sintática e semântica.
São elas:
- ambiguidade ou anfibologia: é a duplicidade de sentidos devido a má disposição das palavras em uma frase, o que dificulta ou até mesmo inviabiliza o entendimento dela.
Exemplos: Pedro, vi nosso amigo passeando com sua irmã! (irmã de quem? de Pedro ou do amigo?)
“Convence, afinal, o pai a filha.” (quem convence? o pai a filha, ou a filha ao pai?)
- solecismo: é o erro de sintaxe. Problemas de concordância, de regência, de colocação e a estruturação inadequada dos termos da oração que tornam o texto incompreensível ou impreciso. Se dá também com a inadequação do uso da variante linguística, como o uso coloquial da língua no lugar da variante normativa.
Exemplos: A gente vamos no cinema? (Em que o adequado pela norma exemplar seria: A gente vai ao cinema?)
Queremos fazermos a prova agora! (Adequado: Queremos fazer a prova agora.)
solecismos de concordância:
Haviam muitas pessoas na festa. (Adequado: Havia muitas pessoas na festa.)
Aluga-se apartamentos. (Adequado: Alugam-se apartamentos.)
solecismos de regência:
João aspirava o cargo de treinador. (Adequado: João aspirava ao cargo de treinador.)
Assisti o filme à noite! (Adequado: Assisti ao filme à noite!)
solecismos de colocação:
Me faça um favor? (Adequado: Faça-me um favor.)
Nelson Ned foi um cantor grande! (Adequado: Nelson Ned foi um grande cantor!)
- barbarismo: é o erro no uso da palavra. Ocorre nas esferas da fonética – pronúncia e prosódia (acentuação da sílaba tônica da palavra), da morfologia (erro na estrutura da palavra) e da semântica (significado da palavra).
Exemplos: Ele esqueceu da rúbrica no contrato? (Correto: Ele esqueceu da rubrica no contrato?)
Realmente é uma proesa o que ele fez! (Correto: Realmente é uma proeza o que ele fez! .)
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Os barbarismos mais frequentes são:
cacoépia: é qualquer erro de pronúncia. Quando o erro é pelo deslocamento do acento tônico, chama-se silabada.
Exemplos:
Forma incorreta | Forma correta |
crisantemo | crisântemo |
esteje | esteja |
interim | ínterim |
batavo | batavo |
cacografia: é qualquer erro na grafia.
Exemplos:
Forma incorreta | Forma correta |
magestoso | Majestoso |
pobrema | problema |
quizer | quiser |
xuxú | chuchu |
- estrangeirismo: é o uso de palavras, expressões e construções que não pertencem ao nosso idioma, originam-se de um empréstimo de uma outra língua.
No português do Brasil, os estrangeirismos mais comuns são:
os francesismos ou galicismos: que se originam na língua francesa. Exemplos: abajur (abat-jour), bibelô (bibelot), paletó (paletot), purê (purée), etc.
os anglicismos: que se originam na língua inglesa. Exemplos: iate (yatch), iogurte (youghurt), esporte (sport), futebol (foot-ball), etc.
os italianismos: que se originam na língua italiana. Exemplos: adágio (andamento musical vagaroso), imbróglio (confusão), lasanha (lasagna), risoto (risotto), etc.
os espanholismos ou castelhanismos: que se originam na língua espanhola. Exemplos: aficionado (gosta muito de alguma coisa), bolero (jaqueta), piso (andar, pavimento), muchacho (menino, jovem), etc.
Os estrangeirismos, de modo geral, repartem-se em dois grupos:
- um que se incorpora tanto a nossa língua que só é possível ser identificado como empréstimo de outra língua por quem realmente conhece sua origem, tais como: guerra, detalhe, etc.;
- e o outro, que vem na forma estrangeira como: ballet, feedback, etc., ou já aportuguesados como: abajur, basquete, etc.
- plebeísmo: é o uso de palavras ou linguagem coloquial, como gírias, expressões triviais ou informais, que devem ser evitadas em comunicações mais formais por refletirem certa grosseria, falta de instrução, ou até mesmo vulgaridade.
Exemplos: Fiquei “besta” com sua atitude!
Vamos beber um “troço” ali no bar!
Até que você é um “cara bacaninha”.
- pleonasmo vicioso (redundância): é a repetição de palavras ou expressões que não acrescentam em nada ao que foi dito, são informações inúteis, desnecessárias ao enunciado.
Exemplos: Vamos entrar para dentro do salão? (entrar pressupõe que seja para dentro, não se entra para fora.)
Vejo com os meus olhos a beleza do lugar! (é óbvio que para alguém ver depende dos seus olhos.)
- cacófato ou cacofonia: é a combinação dos inícios e términos das palavras, resultando em sons estranhos ou desagradáveis, ou ainda, lembrando palavras ridículas ou obscenas em determinadas construções sintáticas.
Exemplos: Eu amo ela loucamente! (lembra a palavra: “moela”.)
A boca dela é linda! (lembra a palavra: “cadela”.)
- hiato: é a repetição de vogais no início e final das palavras de uma frase que produz um efeito desagradável chamado dissonância. (junção de sílabas ou palavras que soam mal.)
Exemplos: Ou eu ou ela vai ao teatro!
Falai ao ouvir o primeiro adendo!
- colisão: é a repetição de consoantes no início das palavras de uma frase, que também produz o efeito desagradável chamado dissonância.
Exemplos: Este senhor é sumamente sagaz.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
- eco: é a repetição de palavras com a mesma terminação, a rima. Apesar ser muito utilizada na poesia, na prosa é considerada um vício de linguagem.
Exemplos: O acusado foi interrogado pelo delegado.
O comprador dava grande valor àquele senhor.
- gerundismo: é a uso exagerado do gerúndio. Isso acontece quando, apesar de haver uma conjugação gramatical mais adequada para o enunciado, usa-se o gerúndio de forma equivocada. O gerúndio é uma forma nominal que carrega a ideia de continuidade, não sendo aplicável a um verbo no futuro.
Exemplos: Vou estar te avisando assim que ele chegar. (Avisarei assim que ele chegar)
Vou estar te telefonando quando começar a liquidação. (Telefonarei quando começar a liquidação.)
Anomalias de linguagem
- idiotismo ou expressão idiomática: é a construção linguística que, apesar de não ser possível uma análise gramatical ou de estar em choque com os princípios da gramática normativa, é aceita por ela.
Em nossa língua, são idiotismos:
a expressão “é que”: Eu é que peguei o pacote. | Você é que fez a prova. (sem função sintática na oração.)
o infinitivo flexionado: usar o infinitivo com as desinências de número e pessoa, acompanhado da pessoa do discurso. O infinitivo em português tem a particularidade de apresentar a forma infinitiva sem flexão, como: “cantar”, e as formas infinitivas flexionadas: cantar eu, cantares tu, cantarmos nos, cantarem eles, etc.
(a flexão contraria o conceito de forma infinita, isto é, não flexionada.)
uso da preposição em construções como: O bom do artista. | O pobre do menino. | O esperto do seu amigo. (sem função sintática na oração.)
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